Fusco Lusco

quarta-feira, outubro 10, 2007

O escritor e a sua biblioteca

Neste momento encontramo-nos na sala dos livris sobre a américa do Norte. Eu moro numa biblioteca, é a realização de um sonho de Borges. Mas não precisei para isso tornar-me bibliotecário: cheguei ao mesmo fazendo o inverso, criando uma biblioteca à minha volta. Não li integralmente todos os meus livros mas folheei-os a todos, e se falta alguma informação, posso ir directaments ao livro que ma prestará. (...) Só me faltam umas férias para poder ler os meus livros tranquilamente: antigamente, consagrava o meu tempo livre à pesquisa de livros, agora tenho os livros mas falta-me tempo livro. Posso deixar um livro dormir numa prateleira, mas um belo dia preciso dele; reencontro-o, e até me parece que me censura por tê-lo abandonado durante tanto tempo. Eu sou o nómada da minha biblioteca.. Por vezes, num velho livro, descubro um papel que alguém deixou, uma flor seca. Não me desagradaria acabar assim, seco e espalmado entre as páginas de um livro.

in Hugo Pratt, O desejo de ser inútil

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