CARTA ABERTA
Indignação, repúdio, revolta, desmotivação, desencanto, entre muitas outras, são palavras que transmitem o estado geral do corpo docente do Agrupamento de Escolas da Batalha. Medidas avulsas lançadas pelo Ministério da Educação, ao longo do presente ano lectivo, foram enegrecendo o trágico cenário que culmina com a actual proposta de alteração ao Estatuto da Carreira Docente, uma afronta à dignidade e ao profissionalismo de uma classe nunca antes tão ultrajada como agora. Trata-se de um momento histórico!
Concluem os actuais governantes que a Educação vai mal e nós, professores, temos consciência disso há muito tempo. Sabemos avaliar! Mas a nossa força é diminuta para mudar políticas educativas. A realidade que se tem vivido nas escolas tem tido ecos eufemísticos, como eufemísticas têm sido as sucessivas leis que procuram resolver os problemas que se agravam.
A escola tem sido, nos últimos tempos, a casa onde entram todos os problemas sociais e aos professores tem sido exigida colaboração na resolução desses problemas. Cada um de nós já experimentou ser psicólogo, assistente social, nutricionista, enfermeiro… e, em muitos casos, pais e mães. Não há notícia de que algum professor deste Agrupamento tenha negado ou procrastinado qualquer colaboração. O bem-estar dos alunos e o seu crescimento saudável é uma das nossas preocupações.
Porém, entendemos que ser professor não se limita a esta parte assistencial, de satisfação das necessidades básicas, de cariz horizontal; a profissão tem um desígnio mais elevado, situado num eixo vertical: cultivar o espírito, nobilitar a pessoa através do saber. Nós queremos ensinar os alunos e torná-los cidadãos informados, competentes e intervenientes activos. Ora é esta face da moeda que tem sido subvertida. A cultura do rigor, da exigência e do estudo, embora surja nos parágrafos introdutórios de toda a produção legislativa, dilui-se e acaba por desaparecer quando a lei se desdobra num articulado operacional pouco consentâneo com as metas preconizadas.
Se a voz do povo é divina, acreditemos na sabedoria popular quando diz que “cada macaco no seu galho”. Aos professores compete ensinar (sem eufemismos) e contribuir para a educação dos alunos, mas não se lhes exijam as responsabilidades que competem a outros agentes sociais, principalmente às famílias, nem se queira transformar os professores em burocratas, em animadores, em baby-sitters, em contínuos (eufemisticamente designados por auxiliares da acção educativa) e outras aberrações.
Dignifique-se a profissão docente, responsabilizem-se os professores por aquilo que devem ser responsabilizados e assumam-se os erros sem procurar nestes profissionais o bode expiatório de todos os fracassos que, como é evidente, devem ser assacados ao Ministério da Educação. Faça-se uma reflexão profunda e séria, sem demagogias, sobre as verdadeiras causas do estado ignóbil a que a Educação em Portugal chegou e contem com os professores como parceiros nesta imperiosa acção nacional.
No dia em que tal acontecer, os docentes estarão de novo motivados para preparar activamente o futuro dos jovens deste país. Até lá, cessem os comentários torpes e injustos, assim como as medidas insanas dirigidas a uma classe que, tal como todas as outras, tem bons e maus profissionais. Não se tome o todo pela parte e não se abra caminho a uma profissão que, a prazo, estará envelhecida e de difícil renovação.
Concluem os actuais governantes que a Educação vai mal e nós, professores, temos consciência disso há muito tempo. Sabemos avaliar! Mas a nossa força é diminuta para mudar políticas educativas. A realidade que se tem vivido nas escolas tem tido ecos eufemísticos, como eufemísticas têm sido as sucessivas leis que procuram resolver os problemas que se agravam.
A escola tem sido, nos últimos tempos, a casa onde entram todos os problemas sociais e aos professores tem sido exigida colaboração na resolução desses problemas. Cada um de nós já experimentou ser psicólogo, assistente social, nutricionista, enfermeiro… e, em muitos casos, pais e mães. Não há notícia de que algum professor deste Agrupamento tenha negado ou procrastinado qualquer colaboração. O bem-estar dos alunos e o seu crescimento saudável é uma das nossas preocupações.
Porém, entendemos que ser professor não se limita a esta parte assistencial, de satisfação das necessidades básicas, de cariz horizontal; a profissão tem um desígnio mais elevado, situado num eixo vertical: cultivar o espírito, nobilitar a pessoa através do saber. Nós queremos ensinar os alunos e torná-los cidadãos informados, competentes e intervenientes activos. Ora é esta face da moeda que tem sido subvertida. A cultura do rigor, da exigência e do estudo, embora surja nos parágrafos introdutórios de toda a produção legislativa, dilui-se e acaba por desaparecer quando a lei se desdobra num articulado operacional pouco consentâneo com as metas preconizadas.
Se a voz do povo é divina, acreditemos na sabedoria popular quando diz que “cada macaco no seu galho”. Aos professores compete ensinar (sem eufemismos) e contribuir para a educação dos alunos, mas não se lhes exijam as responsabilidades que competem a outros agentes sociais, principalmente às famílias, nem se queira transformar os professores em burocratas, em animadores, em baby-sitters, em contínuos (eufemisticamente designados por auxiliares da acção educativa) e outras aberrações.
Dignifique-se a profissão docente, responsabilizem-se os professores por aquilo que devem ser responsabilizados e assumam-se os erros sem procurar nestes profissionais o bode expiatório de todos os fracassos que, como é evidente, devem ser assacados ao Ministério da Educação. Faça-se uma reflexão profunda e séria, sem demagogias, sobre as verdadeiras causas do estado ignóbil a que a Educação em Portugal chegou e contem com os professores como parceiros nesta imperiosa acção nacional.
No dia em que tal acontecer, os docentes estarão de novo motivados para preparar activamente o futuro dos jovens deste país. Até lá, cessem os comentários torpes e injustos, assim como as medidas insanas dirigidas a uma classe que, tal como todas as outras, tem bons e maus profissionais. Não se tome o todo pela parte e não se abra caminho a uma profissão que, a prazo, estará envelhecida e de difícil renovação.
Os professores do Agrupamento de Escolas da Batalha
1 Comentários:
Estive a ler o seu post a respeito da educação e das funções dos professores e tenho a dizer que o que escreve não deixa de estar certo, mas que na verdade há que admitir que há muitos professores que não se preocupa minimamente com os alunos. Há falta de preparação de professores. Eu ainda estudo, e vejo isso no ensino superior. A primeira preocupaçao é ganhar bem, depois é ensinar os alunos. Acho sinceramente que as medidas que o governo está a tomar não são certas, mas não é respondendo com greve nos exames que os professores ganham alguma coisa. É nas aulas a na dedicação ao aluno que o Professor deve pensar primeiro, e só depois na sua conta bancária. Como aluna já vi coisas e ouvi que acho que preferia não ouvir de professores. Atenderem telefones nas aulas? irem com roupas provocadoras e sentarem-se de pernas abertas em cima da mesa? Na rua nunca conhecer os alunos? Perseguir alunos e coscuvilhar a vida deles ao máximo? Pois é, também há muito maus professores. Comecem por limpar a classe. Depois talvez possam mudar o mundo.
Por Anónimo, Às 12:34
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