Fusco Lusco

domingo, janeiro 21, 2007

Elis


Elis já partiu há 25 de anos. Imagino o que de novo ficou por cantar...

sábado, janeiro 20, 2007

em Florença

escrevendo sobre Florença

"j'étais déjá dans une sorte dd'extase par l' idée d'être à Florence, et le voisignage des grands hommes dont je venais de voir les tombeaux. Absorbé dans la contemplation de la beauté sublime, je la voyais de prés, je la touchais pour ainsi dire. J'étais arrivé à ce point démotion où se rencontrent les sensations célestes donnés par les beaux-arts et les sentimens passionés. En sortant de Santa Croce, j'avais un battement de coeur...; la vie était épuisée chez moi, je marchais avec la crainte de tomber."

Stendhal, em 1817

em sequência deste episódio, um psiquiatra italiano chamou "síndrome de Stendhal" ao facto de as pessoas sucumbirem ao excesso de arte.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

a propósito de flores amarelas

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Miguel Torga

Confiança

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Vinicius de Moraes

























André Carrilho

Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Vinicius de Moraes